Patty Bencardine - Um pouco mais de nossos artistas-(XXVIII)


1)À quanto tempo você dança?
Profissionalmente desde 1988, ano do meu primeiro contrato assinado. Na mesma época entrei para o grupo Brasil Egito, que era dirigido pela tia Cecy. São 22 anos, que passaram muito rápido!

2)O que te motivou a começar a Dançar?E quando você teve certeza que era isso que você queria para o seu futuro?
Na minha pré-adolescência, tive a sorte de conhecer uma mulher muito especial chamada Leila Khadij. Ela era jordaniana, sufi e vinha de uma família de artistas árabes; músicos, poetas e cantores.  Ela me mostrou  a força transformadora da dança baseada em profundos conhecimentos filosóficos.Então,  me apaixonei eternamente por essa arte!
 Na verdade,quando comecei a dançar, mesmo profissionalmente, nunca achei que fosse viver disso,pois, tenho outras formações profissionais. Mas, quando olho pra trás e vejo que tenho 22 anos de estrada, percebo que essa arte é especial e que o momento presente é sempre o mais importante em nossa vida.

3)Quem foi/ foram suas professoras?Que cursos você fez?Quais foram seus favoritos?
Aos 11 anos de idade tomei contato com a dança oriental através de Leila, essa jordaniana que falei anteriormente. Ela me transmitiu muito conteúdo  filosófico e formas de utilizar essa arte para crescimento pessoal. São técnicas que aplico até hoje em dia com minhas alunas, e os resultados são nítidos! Além dela, com quem estudei durante 1 ano e meio, fiz alguns workshops. Mas, naquela época não tinha muita gente trabalhando com isso. E, nunca, em nenhum lugar do mundo , vi conhecimentos tão profundos, quanto os que foram transmitidos por Leila.
4)Quais são suas maiores inspirações?
Minha maior inspiração é a alma feminina.  A feminilidade vivida intensamente, de forma feliz e com profunda satisfação pessoal. A única capaz de trazer paz interior.  O exercício da dança permite isso, pois traz o encontro com nossa própria essência; desde que não se caia nas armadilhas do ego.
Acho todas as bailarinas do mundo maravilhosas, porque em todas nota-se essa busca, mesmo inconsciente. Falo isso sem demagogia, porque pra mim, a dança é muito mais que movimento corporal ou  rotinas coreográficas pré programadas. Dança oriental é meditação no movimento!

5) Você ja sofreu algum tipo de preconceito,ou discriminação no meio da dança,ou de bailarinas particularmente?Como você lida com isso?  
No meio da dança e fora dele. Quem carrega essa arte no corpo e na vida precisa se preparar para enfrentar preconceitos de todos os tipos: Dentro do próprio meio, quando você não pertence a este ou aquele grupinho; na sociedade porque a imagem da dança, infelizmente, ainda está ligada a sexualidade fácil no imaginário coletivo; na família com os parentes distantes, porque achavam que dança não é trabalho; no condomínio porque você sai tarde da noite com roupas “estranhas”; entre outras situações mais.
Tenho certeza que o preconceito é fruto direto da ignorância, e as pessoas nem sempre tem culpa de serem ignorantes. Mas, permanecer na ignorância é escolha pessoal, e toda escolha tem sua carga de responsabilidade. Deixo isso pra consciência de cada um. Do meu lado, aprendi a não dar valor à ignorância alheia. Sigo fazendo meu trabalho, elaborando a arte em que acredito.

6)Quais os principais benefícios que a dança te trouxe?
A dança transformou minha vida. Trouxe saúde, disposição, realização pessoal, abriu perspectivas profissionais  e paz de espírito. Me ensinou a conhecer a alma humana, com todas as suas virtudes e defeitos.
7)Em algum momento durante sua carreira você pensou em largar tudo?
Sim e não. Todo mundo pensa nisso  alguma vez na vida, em qualquer área de atuação. É natural o ser humano se questionar  e ter suas crises. Já pensei em mudar várias coisas, mas nunca abandonar a dança. Enquanto  o mercado absorver minha arte, faço minhas apresentações públicas. Mas, se o tempo passar e não for mais contratada para eventos, seguirei dançando todos os dias da minha vida.

8)O que você acha que tem de melhor?Seu ponto forte!
Sou sincera....até demais! Rsrsrsrs
Já tive muita dor de cabeça por causa disso. Mas , ainda a acho que é meu ponto forte. Traz verdade para a arte e força na dança.

9)Nos conte um sonho de consumo,um sonho impossivel,e um já relizado:
Justiça social e paz nos corações humanos, é meu sonho impossível.
Um sonho de consumo, mesmo sendo engraçado, é um desejo meu: morar dentro de uma pirâmide!!!! Mas, uma pirâmide chiquérrima com jardins suspensos e piscina.  Sonho,  é sonho , né gente!
Um sonho já realizado: passar 20 anos  dançando direto, sem parar!
10)Como você define seu estilo?Qual seu ponto forte!
Na arte da dança, sigo meu coração e elaboro o que sinto e penso através dos movimentos do meu corpo. Meu estilo muda muito de acordo com a música que está tocando, quando trabalho para sírios e libaneses procuro incorporar o gestual típicos dessas regiões, para argelinos, marroquinos e tunisianos, já entra outro conteúdo gestual, e por aí vai.
Acho que este é justamente o ponto forte, conhecer a ginga regional e trabalhar tudo na dança, a ponto das pessoas acreditarem que nasci no mesmo país de origem delas. Coisa que me traz imensa satisfação pessoal.

11)Quais são seus projetos atuais e futuro?
Estou promovendo toda quarta feira , a partir de 18 de agosto as noites árabes no bar do Elias. É um projeto legal e pretendo trazer cada dia uma bailarina diferentes pra fazer parte da nossa festa.

12)E pra fugir um pouco a regra nos fale de você:
 cor preferida- amarelo
comida favorita,- árabe e italiana
time de futebol- ih...não entendo muito de futebol e não sei o nome de nenhum jogador.
cantor preferido- gosto dos velhinhos....Fredie Mercury, Mick jagger
um filme inesquecível- Indiana Jones, 1, 2, 3 4 e quantos mais existirem
uma pessoa muito importante – minha mãe e meu marido
Como é a Patty pessoa- curiosa, distraída, bem humorada!
13)O que você acha dos concursos,selos,padrões?Eles realmente influenciam em algo?
Acredito que o melhor selo de qualidade é o aplauso do público. Concursos são interessantes para se observar detalhes pitorescos deste meio. Mas, o mercado da dança do ventre é auto seletivo. Não é você quem escolhe a dança, a dança escolhe você!

14)O que você acha,que tem de mais errado no mundo da Dança?Em que ponto ficam coisas a desejar?
Quando a atenção fica voltado pro supérfluo e a dança fica sem conteúdo. É preciso arte. É preciso saber interpretar a música com o corpo. Senão, a dança fica vazia e sem vida.

15)O que vc pensa sobre o aumento de homens na dança,seja no folclore ou na dv propriamente dita?
Acho muito bom que a dança cresça sempre. Homens, crianças, mulheres, quanto mais gente dançando, melhor! Esta é melhor forma de vencer o preconceito com esta arte.

16)Qual o conselho que você daria a quem esta começando agora?
Pra estudar sempre, amar esta arte e ser amada por ela, pra nunca dar ouvido a quem quer obrigar a escravizar sua dança. Sua dança é livre, bem como sua alma é livre. Bailarinas, não sejam escravas dos outros e nem de vocês mesmas. 


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E essa foi nossa entrevista com a Paaty Bencardini, espero que tenham gostado!!!

Comentários

Haiyat Raziya disse…
Amei ver a Patty com a gente!
Admiro muito e acho ela LINDA!
Parabéns Máfia!