Melea-Laf / Milea Laf / ou o que? Verdades e Mitos?





Numa versão e na maioria dos sites achamos isso:
Dança folclórica egípcia, da cidade de Alexandria. Melea-laf significa “lenço enrolado”, o tempo inteiro executada com o “melea”, um lenço de +/- 3 metros, preto, pesado, às vezes bordado com pastilhas nas laterais. O melea está sempre enrolado no corpo da dançarina.
É uma dança do subúrbio de Alexandria, executada somente por mulheres. A roupa típica é um vestido, geralmente bordado com “fru-frus”coloridos, podendo até ser curto, um arranjo de cabeça também de “fru-frus”, um shador feito de crochê ou outro material que forme uma trama de “quadradinhos” no rosto, tamancos e o melea. Esta roupa, de tão colorida, lembra os figurinos de Carmem Miranda. Há quem diga que as “excandaranis” (mulheres de Alexandria) são tão irreverentes que cantam e até mascam chicletes enquanto dançam!
É uma dança muito descontraída e charmosa, e o foco principal é a destreza da bailarina nos movimentos com o melea, que durante toda a dança ganha destaque.



É fácil reconhecer uma música de Alexandria usada para esta dança, pois além de ser bem alegre e despojada, fala da mulher suburbana, e geralmente em seus refrões se ouve: excandarani (mulher de Alexandria), Excandarania (Alexandria), melea (o lenço preto).
No Cairo também se dança melea-laf, porém as músicas utilizadas podem ser não somente as de Alexandria, mas também outra que tenha um ar folclórico, alegre e irreverente.

Melea não é Foclore propiamente dito,é mais uma teatralização ou caricatura das mulheres do suburbio,
que não dançavam assim.Mesmo não sendo folclorica,
ela deve ser dançada fielmente como foi criada .








Embora que eu achei essa definição:
Melea-laff: desconstruindo os mitos
Sahra Saeeda e seu melea-laff
Sahra Saeeda e seu melea-laff
Compartilhando um pouco do work da Roxy e ajudando a divulgar a informação: melea-laff não é uma dança executada nas ruas de Alexandria, nem do Cairo. Ela é uma invenção do Mahmoud Reda que, observando as mulheres andando nas ruas enroladas com um véu preto, resolveu criar uma cena pra seus espetáculos de dança.
Ficou triste com a notícia? Eu também, embora já imaginava que a maior parte do que sabíamos era fantasia.
Esqueça a história dos portos, dos marinheiros, dos flertes. A egípcia não flerta. No máximo, pode levantar o olhar do chão uns 2 segundos para espiar o objeto de desejo… coitadas de nós, imaginando que as mulheres de lá paqueravam assim…
Segundo Roxy, o figurino utilizado nos placos pelas meninas do Reda foi baseado numa roupa que fazia muito sucesso na epóca: um vestido colorido de alcinhas que se usava por baixo do melea. Adicionou-se os babados porque a Farida achou que daria efeito visual a cena. Simplesmente.
Estilo melea de Orit


Estilo melea de Orit
Roxy deixa a dica: dá pra optar por uma galabia, mas nunca coloque uma roupinha normal de dança do ventre.
Pode ser dançado com qualquer música. Não tem necessidade de um ritmo específico: pode ser baladi, pode ser moderna, poder ser pop… fica a seu critério e bom senso. Um taksim de violino com melea seria bem esquisito, né?
Não necessariamente precisa ser dançado de pézinho no chão. Ou seja, se quiser, pode botar meia-ponta.
O chadô é outro mito. Na época que o Reda criou o melea-laf, estava na moda aquele chadô de furinhos, tipo crochê. Hoje em dia, o chadô é todo fechado, mas não há necessidade de usá-lo. Outra invenção.
Melea-laff de Roxy
Melea-laff de Roxy
A história do chiclete faz parte do imaginário de personagem que você quer criar pra sua dança. Se quiser criar uma suburbana que anda mastigando chiclete, fique à vontade. Se quer criar uma perua chique de celular, também pode. Sapatos de salto são excelentes para as performances.
Amarre um lenço na cabeça. Ajuda a segurar o melea. Mas não precisa ser aqueles com pompons, só se você optar por isso. Não tem que ser isso ou aquilo. É uma escolha que você pode fazer, ou não.
O que tem que ter: braço esquerdo SEMPRE coberto pelo melea, pois, segundo Roxy, o lado esquerdo, no Egito, é reservado para atos higiênicos. Nunca se oferece este lado para um aperto de mão e, se você optar pela entrada com o melea, apenas o lado direito deve estar á mostra.
Elegância até no melea - Nour
Elegância até nome lea - Nour
Outras dicas: o melea, estando na altura da sombrancelha, deve atingir um comprimento, de, no mínimo, a altura dos seus joelhos e ter um espaço de cerca de meio metro de sobra nas suas mãos. Evite usar vestidos escuros, pois o melea já é preto, fica tudo escuro demais, embora, a gente veja que na foto acima a Nour esteja lindamente inserida num pretinho básico.

E pra deixar algumas boas inspirações, um vídeo da minha musa Amani…

… e outro da Sahra Saeeda, uma delícia de assistir!

Agora, é soltar a criatividade, pois o melea é uma cena. Foi criado pelo Reda. Ele não existe de fato. Divirta-se, dance e depois, volte pra contar a experiência.

E ai? Qual foi a sua conclusão???????????????????????????????????


site: http://andancasdelory.wordpress.com/tag/modalidades/

Comentários

Hanna Aisha disse…
Então, que bom que as coisas têm começado a esclarecer dentro do folclore árabe! Eu adoro esse video da Sahra!
Beijos
Carol Malaguth disse…
É muito bom essas informações chegarem mesmo. Na verdade o que o Mahmoud Reda fez tem nome, se chama parafolclore. Aqui tem uma definição boa: "O termo “parafolclore”, formado pelo prefixo grego para (”perto de”, “ao lado de”) e folclore (cultura popular), foi criado para designar o aproveitamento de produtos da cultura popular pelos meios eruditos."
Quando vemos um samba, uma dança de orixá, uma dança afrobrasileira no palco, não estamos vendo um folclore, mas sim esse aproveitamento erudito de alguma manifestação de um povo, e essa manifestação pode ser uma dança ou não.
Na verdade toda dança árabe que vemos e dançamos no palco não é, nunca foi e nunca vai ser folclore pela própria definição que essa palavra tem.
Então, na verdade, não temos nada com o que nos decepcionar, pois nunca vimos nenhum folclore árabe, salvo em filmagens documentais feitas no local e momento em que o ocorre a manifestação. Doido isso, não?