Hoje iremos conheçer um pouco mais de Nadja El BaladY
1)À quanto tempo você dança?
Dança em geral desde os 4 aninhos... Dança do Ventre comecei em 1997.
2)O que te motivou a começar a Dançar?E quando você teve certeza que era isso que você queria para o seu futuro?
Havia ficado uns 3 anos afastada da dança e achei que precisava recomeçar. Mas queria alguma modalidade diferente, que trabalhasse aspéctos da sensualidade e que fosse divertida. Achei exatamente o que queria na dança do ventre. Não sei se pensei que queria isso para meu futuro, mas fiquei cada vez mais envolvida e apaixonada pela dança e por mim dentro dela. Quando vi, era prioridade para mim a frente do que eu estudava na época, que era o teatro.
3)Quem foi/ foram suas professoras?Que cursos você fez?Quais foram seus favoritos?
Minha primeira professora foi a Shadya, posteriormente a Soraya Zaied, aqui mesmo no Rio. Soraya é ainda minha grande referência. Fiz muitos workshops, claro, Lulu Sabongi, Raqia Hassan, entre outros nomes importantes dos cenários nacional e internacional da dança do ventre. De um modo geral, segui o padrão Khan El Khalili, conquistado em 2004, mesmo ano em que fui para o Egito e de minha primeira experiência profissional no exterior.
Em 2005 iniciei a faculdade de Dança e nela voltei a estudar Ballet e iniciei também em Dança Contemporânea. Foi muito importante para ampliar meu desenvolvimento técnico e abrir novos horizontes artísticos e metodológicos para o ensino em dança.
Este foi o ano em que me interessei pela primeira vez pelo Tribal. Estudei a princípio alguns DVDs da Kajira Djoumana e Gipsy Caravan mas a maior influencia sempre foi FatChance BellyDance. ATS foi paixão a primeira vista. Posteriormente fiz works e imersões com a Sharon Kihara, entre outras boas professoras internacionais que vieram ao Brasil, e também do cenário nacional.
Isabel de Lorenzo foi a pessoa que melhor me orientou no ATS até hoje, mas a pesquisa que faço ganha conscistência na parceria com Aline Muhana, minha parceira da Tribo Mozuna.
4)Quais são suas maiores inspirações?
Minhas inspirações atualmente estão bem focadas na criação de fusões e contextos de cena para Tribal.Sempre tive contato com a Dança Afro e com algumas Danças Populares Brasileiras. Integro o grupo Rio Maracatu desde 1999. Tenho estudado e composto um repertório de Fusão Afro, que me dá muita felicidade de ver se concretizando.A convivência com a Cia de Dança Caballeras é muito inspiradora. Temos afinidades artísticas e conhecimentos diferentes, por tanto nos complementamos. É gratificante trabalhar com pessoas que confiam e se entregam ao ato criativo. Gosto da atmosfera teatral e é muito estimulante criar algo totalmente novo no nosso contexto. Esta influencia teatral sempre esteve presente em mim, mas por muito tempo não consegui casa - la com a dança. Na Dança do ventre pude redescobri-la interpretando músicas de estilo Tarab, que precisam da veia teatral para serem bem exploradas. Acabei deslocando esta técnica de interpretação da letra da música através da dança do ventre para músicas em português. Isso é bom para interação com o nosso público.Recentemente com a Caballeras, estamos conseguindo um novo pensamento para o espetáculo de dança oriental e a inspiração é a construção de diferentes fusões em um só contexto que pode se comunicar com todas as pessoas, quer elas entendam de dança ou não.
5) Você ja sofreu algum tipo de preconceito,ou discriminação no meio da dança,ou de bailarinas particularmente?Como você lida com isso?
Ah, sim, sofri. Não é o caso de contar isso aqui agora. Mas realmente temos ainda um longo caminho a percorrer até que nossa linha estética de arte seja aceita como algo maior, como o Ballet ou a Dança Contemporânea. Lido com isso fazendo bem meu trabalho, estudando outras linhas de dança e pesquisando. Na faculdade tive a oportunidade de pesquisar para escrever minha monografia e foquei no contexto cênico da dança do ventre. Isso me enriqueceu muito e também o conhecimento de meus professores de faculdade sobre o assunto. Sinto que contribuí um pouquinho. Toda vez que uma pesquisa acadêmica séria é feita sobre nosso tema, damos ao mundo um pouco mais para nossa aceitação artística.Admiro o trabalho da Samra Sanches aqui do Rio de Janeiro que trabalha junto ao Sindicato dos profissionais de Dança para dar credibilidade à prova do sindicato e para levar aos representantes das outras danças informações relevantes sobre nossa cena e nosso desenvolvimento.
6)Quais os principais benefícios que a dança te trouxe?
Auto conhecimento e transformação física e emocional. Continuo em processo...
7)Em algum momento durante sua carreira você pensou em largar tudo? Várias vezes. Não é fácil reconhecer e lidar com nossas próprias dificuldades. Necessidade de reconhecimento, falsas amizades, vaidades e armadilhas da cena profissional. Sofri, mas cresci. No final, iria encontrar estas coisas em qualquer área, não é mesmo? Melhor permanecer onde tenho prazer em construir, em melhorar, em estudar. Será com certeza onde terei melhor oportunidade de sucesso. E depois... minhas alunas! Se elas confiam em mim... se ao menos a elas posso ser útil... não vou desistir. Hoje eu sei. Nunca.
8)O que você acha que tem de melhor?Seu ponto forte! Como ser humano, perseverança e sensibilidade. Como professora, minha metodologia de ensino, como bailarina, expressão e presença.
9)Nos conte um sonho de consumo,um sonho impossivel,e um já relizado. Bom, nunca imaginei que seria possível ir ao Egito... foi um grande sonho realizado. Hoje sonho em voltar lá e em ir a San Francisco fazer os cursos do FatChance. Vai acontecer.
10)Como você define seu estilo?Qual seu ponto forte!
Meu estilo de dança é alegre, espontâneo. Gosto de exprimir sensações, sentimentos e idéias, e isso me preocupa mais do que virtuosismo técnico, embora encontre no aperfeiçoamento técnico o meio de melhor exprimir idéias e sensações...
11)Quais são seus projetos atuais e futuro?
Atualmente estou bem focada no desenvolvimento da minha escola, a unidade de Jacarepaguá do núcleo Asmahan, no Rio de Janeiro. Também na Cia Caballeras, na Tribo Mozuna e no Festival Tribal do Rio - Tribes Brasil, que neste ano está indo para sua 4ª Edição. Tenho também a produção do evento Alternativa Oriental e parcerias com grandes artistas do Brasil e exterior. Abrirei nova turma do meu curso profissionalizante este ano. 2011 será repleto de coisas boas!
12)E pra fugir um pouco a regra nos fale de você:
Sua cor preferida,comida favorita,time de futebol,cantor preferido,um filme inesquecivel,uma pessoa muito importante.Como é a Nadja pessoa... Minha cor preferida é cada dia uma, depende de como acordo... adoro sushi, torço pro Brasil em época de copa, a adoro a Natasha Atlas. Filme inesquecível... muitos! Pessoas importantes.. muitas! Mas não posso deixar de citar minha mãe, meu filho, minhas companheiras de dança e minha sócia, Jhade Sharif.Sou sonhadora, realizadora, trabalhadora, apaixonada pela vida, pelo que as pessoas tem de bom. Sou aventureira e adoro uma farrinha! Sou boa amiga e companheira... meio maluquinha, mas acho que isso é bom para quebrar a rotina, né?
13)O que você acha dos concursos,selos,padrões?Eles realmente influenciam em algo?São boas oportunidades de estudo e crescimento. Reconhecimento é importante para nossa alto estima e para nos certificar que estamos seguindo um caminho com o qual nos identificamos. Mas não é tudo. Não podem definir nossa personalidade nem limitar nosso processo criativo.
14)O que você acha,que tem de mais errado no mundo da Dança?Em que ponto ficam coisas a desejar?
Falta seriedade. Falta desmistificar a dança. Nada contra a exploração do aspécto energético, místico e terapêutico da dança. Muito a favor. Mas não é só isso. Enxergar exclusivamente este lado não é bom. É importante conhecer cultura, não só a árabe, mas principalmente ela. Falta interesse e humildade das profissionais mais antigas em se aprimorarem e desenvolverem novos horizontes criativos. Faltam coreografias interessantes, criatividade. Um espetáculo muito longo, hoje em dia ninguém agüenta assistir. Neste sentido, o Tribal já nasceu em vantagem.
15)O que vc pensa sobre o aumento de homens na dança,seja no folclore ou na dv propriamente dita?
Acho que não tem nada demais. As puristas que me perdoem, mas arte não tem sexo. Se o homem se identifica com o assunto, se quer desenvolver, estudar, o que tem demais? Pensemos que o Egito está cheio de professores e coreógrafos e que lá a dança não é chamada de "Dança do Ventre", não é necessário um útero para dançar. E mais: acredito no ser humano integral, que tem suas partes femininas e masculinas. Porque o homem não pode trabalhar a feminilidade? Nós mulheres somos tão masculinas no nosso mundo ocidental...
16)SEndo uma bailarina do Rio de Janeiro, quais são as maiores diferenças que vc vê da dança ai e no resto do pais?
Não muita. Hoje em dia todas temos muito acesso à informação via internet. Dançar mal hoje em dia é mais uma opção do que condição de ignorância. Vai do gosto, do que a pessoa entende por dança do ventre. Vejo profissionais de muita qualidade vindas de interiores e profissionais muito ruins de capitais. E vice versa. Tem de tudo aqui e por aí a fora.
17)Qual o conselho que você daria a quem esta começando agora?
Não tenha pressa em se tornar profissional. Aproveite os estágios pelos quais você tiver que passar. Seja uma boa iniciante e estude muito no intermediário. Mas sobre tudo: se divirta! Sempre. Se um dia você tiver que se tornar profissional, terá tido uma boa base.
VideoS
Tribal Extreme Nadja El Baladi Tribal Regional
Nadja - Fusão Afro no Tribal Extreme
Ensaio estilo Baladi - Dança do Ventre
E essa foi nossa entrevista com a bailarina Nadja El Balady, espero que tenham gostado e aprendido um pouco mais!!!!
Comentários