Tahya Brasileye - Um pouco mais de nossos artistas - XXVII

Entrevista Realizada pela Moderadora Dapi - Que inicia assim...

Certa vez conversando com Tahya num momento de tristeza ela me disse "fia, pato a gente come com laranja, cisne a gente admira." Gostei tanto do que ela me disse que coloquei a frase no nick do msn. Dias depois um amigo disse sobre a frase "cisne a gente mata pra fazer roupa de carnaval com as penas...", eu respondi, e pato a gente come de 4 na bandeja, com laranja..."
 
Pesquisei sobre cisnes na culinária e descobri que o cisne era sim utilizado na culinária. A rainha da Inglaterra apreciava muito. Cisnes estão sempre no meio da nobreza.
 
Com vocês, o grande cisne, a grande pessoa, a grande professora e a grande bailarina, Tahya Brasileye. 

 

1- Há quanto tempo você dança??
Comecei a fazer aulas em 1991, com 21 anos e não parei mais.... desde o início, são 19 anos! ufa!!!!

2- Você dança há muito tempo. A DV evoluiu muito no Brasil a partir do contato com bailarinas do oriente médio, foi difícil se adaptar aos "novos" conceitos dados por elas??
Não, porque minhas professoras (Lulu Sabongi, Soraia Zaied, Jade El Jabel, Shahar Badri e Shams Simran) estavam atualizadas, consequentemente, tínhamos a informação "fresquinha"!

3- Sobre selos e padrões de qualidade, temos inúmeros hoje em dia, você tem algo a dizer sobre eles??
Imprescindível para quem pretende ser profissional. Infelizmente não temos uma única legislação a respeito, como por exemplo, no Ballet Clássico.
Acho louvável estas iniciativas de avaliação, mas para quem está prestando deve saber que os requisitos são de acordo com as informações que aquele grupo defende, não estando certos ou errados, somente apontam diferentes visões da mesma coisa.

4- De onde você tira tanta inspiração e criatividade para dançar??
Assisto muitos vídeos, estudo bastante a dança do ventre, mas não deixo de ver de tudo, até desenhos do "Pica-pau", que minhas alunas sabem, já foi fonte de inspiração para minhas coreografias! rs....

5- Qual foi o momento mais emocionante da sua carreira?? E o mais decepcionante??
Posso falar de três mais emocionantes: quando dancei a primeira vez, como teste, dia 30 de outubro de 1997, na Khan el Khalili e o Jorge e a Lulu falaram ao final do dia que eu seria estagiária da casa; quando dancei no Egito, em 2002, uma de minhas músicas prediletas: Taht al Shbbak e quando fui uma das bailarinas convidadas a abrir o show da Soraia Zaied quando esteve no Brasil em 2008.
A mais decepcionante? Quando, assisti uma bailarina, sentar no colo dos clientes do restaurante onde dançava, durante e depois de seu show....lamentável!

6- Qual a linha que separa a sensualidade da vulgaridade na dança??
Apenas um fio de cabelo. Sou do princípio que menos é mais. Infelizmente temos muitas bailarinas que insistem em “afirmar, provar” que "são mulheres" e excedem o bom senso, tornando-se somente um objeto de desejo, sem arte, sem dança, sem cérebro!

 7- De onde veio o nome Tahya??
Quando comecei a dançar profissionalmente, a Soraia Zaied batizou-me de Naima, entretanto, a partir do momento que passei a dançar na Khan el Khalili, o Jorge pediu meu nome artístico e quando falei qual era, este achou muito “menininha”, que ao final da conversa, acabei concordando. Daí surgiu Souheir ou Tahya, e para falar a verdade, me sinto Tahya, adotando desde então, em meados de 1997.

8- Até que ponto as inovações são aceitáveis na DV do seu ponto de vista??
Até o momento que não tenhamos dúvidas se o que estamos dançando é Dança do Ventre ou qualquer outra coisa, com nomes criativos que tentam criar novas modalidades de danças. Temos que tomar cuidado com as nossas criações, interpretações e performances, desde que não queremos perder a essência desta arte. Se a proposta não for essa, que venha a loucura!

9- Qual o seu estilo favorito de assistir?? E de dançar??
Amo a Fifi Abdo, seu jeito despojado e alegre. Mesmo tendo assistido inúmeras vezes, tenho a sensação que sempre é a 1ª. quando vejo seus DVDs. Estudo muito Mahmoud Rheda também. Mês estilo de dançar? Tahya por Tahya!

10- Na sua opinião, quem é a melhor bailarina da atualidade?? E das antigas??
São muitas no Brasil, mas no Egito, Soraia Zaied. Das antigas? Souheir Zacki.

11- Fale um pouco sobre o mercado da DV no Brasil hoje.
Em crescimento em alguns sentidos, da arte pela arte, e em decadência em outros, causado pela banalização deste segmento quando apresenta foco somente em fonte financeira.
Já tive contato com várias pessoas que não conseguiram se sustentar com sua profissão e resolveram “virar bailarina e professora” para complementar ou integrar sua renda. O importante é ter consciência que a Dança do Ventre exige responsabilidade e bom senso, afinal, estamos lidando com pessoas que, se quiserem, possuem acesso direto a todos os tipos de informações.
Todos, sem exceção, podem se sentirem traídos ao perceberem que suas professoras estão com outros objetivos, inclusive, se estão “ocultando” ensinamentos visando uma futura “eliminação de concorrência”, diferente do principal foco que é ensinar. Este caso gera inconscientemente a transformação de admiração em decepção além de outros sentimentos mais tristes, que todos nós sabemos, não são interessantes para ninguém.

12- Muitos têm preconceito com gordinhas na DV. O que você pensa sobre isso??
Gordinhas dançando são somente “corpos que dançam”.


13- Você já sofreu preconceito por ser bailarina de DV??
Muitos, inclusive desvalorização intelectual.
Pobre destes mal-amados, porque nós que dançamos, temos a oportunidade de deixar nossas almas se manifestarem!



14- E sobre homens na DV, o que você pensa a respeito??
Tahya e Marcio Mansur
Somente outros “tipos de corpos que dançam!”

15- Quais os benefícios que a DV pode trazer a alguém que a pratique??
Oportunidade de sentir sua alma se manifestando. Encontro com Deus...

16- De onde veio seu interesse por essa dança??
Interessei-me pela delicadeza excessiva aliada a música maravilhosa. Não sou eclética na minha escolha musical, todos os meus amigos sabem.... Gosto de Rock, Heavy Metal, música clássica e Ópera e a música árabe entrou nos meus ouvidos como bálsamo. Até hoje choro de emoção quando escuto Aziza e Lisa Fecker e ver a manifestação de seus acordes no corpo é algo celestial.

17- Qual foi a sua maior dificuldade na DV?? Foi difícil entrar no mercado da dança??
Nunca tinha feito dança antes, somente “alguns dias” de jazz, que não dei continuidade por não gostar da música (o que eu, uma “metaleira” convicta, estava fazendo numa sala de aula, dançando Whitney Houston?)
Naquela época, eu era campeã paulista de arremesso de peso, além de competir em dardo e disco e nunca havia imaginado dançar. Depois que conheci a Khan el Khalili, a Lulu, a Soraia, a Karima, a Shahar e a Shams dançando, este conceito mudou, e mudou para melhor, desviando o atletismo, que naquele período era uma ambiente exclusivamente masculino que não me fazia bem, para o feminino que trouxe-me alegria e satisfação. A vida, graças ao Arquiteto do Universo, levou-me à profissionalização, a exemplo de um professor de Administração de Marketing que tive em uma da pós-graduações: “estudo, treino e aplicação centrada leva à competência” foi isso que aconteceu. Tudo foi acontecendo, por conseqüência de estudo e boa vontade de arregaçar as mangas e correr atrás das oportunidades.

18- Você já pensou em desistir?? O que te motiva a continuar??
Inúmeras vezes. O que me segura são as minhas alunas queridas e o “barato” de ensinar. Aliás, uma das coisas que mais gosto de fazer na vida é dar aulas, e ver o desenvolvimento de cada uma, sentir-se que você, de alguma maneira, ajudou a desenvolver alguém. Isto não tem dinheiro que pague a imensa satisfação e realização pessoal.

19- Qual é o seu hobby?? Além da DV, você tem alguma outra profissão??
Não dêem risadas... sou formada em Publicidade e Propaganda, Administração de Empresas, pós-graduada em Administração de Marketing e Inteligência Competitiva voltada para a Investigação de Concorrência e atualmente estou no último semestre de Medicina Veterinária, e se Deus permitir, vou me especializar em Cirurgia e Odontologia Veterinária.
Meus hobbys? Livros de Medicina (atualmente estou lendo sobre hematologia), confeccionar bijuterias e cozinhar.

20- Quais seus projetos para o futuro como artista??
Dançar, dançar, dançar e ensinar muito!

21- Como você vê as competições entre as bailarinas nos bastidores?? Rola muito puxão de tapete??
Triste porque estamos todas num mesmo barco, mas em qualquer área temos a mesma situação.
Para falar a verdade, procuro não me envolver com gente enrolada. Gosto de gente profissional, segura nas suas competências e nos seus objetivos. O restante, vamos deixar para quem gosta de perder tempo...

22- Uma boa bailarina deve apenas coreografar, improvisar ou os dois??
TUDO! Improviso é a alma do negócio! A bailarina deve ser completa, sempre!

23- Recentemente perdemos uma pessoa bem importante no meio da DV que foi tia Cecy, gostaria que você comentasse sobre a importância da mesma nesse meio.
Para mim, a Tia Cecy é um ícone que incentivou entusiasticamente a dança oriental no Brasil e a criação de um novo modelo de estilistas, dedicados exclusivamente à alta costura na Dança do Ventre. É uma grande perda, lastimável.
Foi ela que organizou minha dança para fazer teste na KK, e que sempre incentivou-me, junto com a Soraia Zaied a inclusive tornar-me uma professora.
Agora ela está no céu, olhando e torcendo por todos nós.

24- Existe alguma relação entre a DV árabe que conhecemos hoje com os cultos à deusa da antiguidade??
Não posso dizer com total segurança se sim ou se não, mas todos os relatos históricos defendem que no mundo, todas as civilizações antigas, independente do período de atuação, possuíam danças pélvicas ou pelvianas. Quem sabe?

 25- Ter conhecimento da cultura árabe ajuda a dançar melhor?? Por quê??
Tenho certeza que sim, afinal de contas estamos executando uma modadlidade que não faz parte da nossa cultura.
Conhecimento, em qualquer setor, só soma, e nunca subtrai, mas devemos sempre procurar informações consistentes com profundidade histórica e não somente da opinião dos “achistas” de plantão!

26- O que uma praticante precisa pra se tornar boa bailarina??
Estudar, treinar, estudar, treinar, eternamente.

27-Deixe um recado para quem está começando, para quem pensa em desistir e para quem ama a DV.
Para quem está começando: bom senso, dedicação sempre, e nunca acredite se alguém te disser que “você não serve para dança”.
Para quem pensa em desistir: bom senso e “DESISTA”, para provar a si mesma que a auto-sabotagem é o pior dos inimigos.
E para quem ama a Dança do Ventre: bom senso e não seja deslumbrada a ponto de perder sua identidade, transferindo sua vida para um mundo imaginário que só existe na cabeça das imaturas. Bom senso sempre!

28- Tahya por Tahya, como vc se define??
Uma mulher ariana que quer se superar e trabalhar todos os dias, com defeitos e qualidades, em todas as áreas de escolha para atuação.




Quero agradecer a oportunidade que vocês estão me dando de participar deste Blog. Mais uma vez, muito obrigada!


Videos :

Tahya numa belíssima apresentação no show da soraia




apresentação tahya e marcio mansur




Tahya Brasileye - Noites de Mil e Uma Danças




"Os Deuses da Mitologia Grega" - TÁLIA


Comentários

Juliana disse…
Linda e Maravilhosa Tahya, eu amo vc! minha professora iluminada!!!!


Vou linkar essa matéria do blog no meu blog ok? Mil beijos